"Pai, eu sou Hexa!"

Bem amigos da Tribuna Rubro-Negra, ainda me recupero bravamente da ressaca de ontem! E na boa? A ficha ainda não caiu. Não caiu, ou eu ainda não tenho a real dimensão do que vi ontem. Nem eu e nem o Ronaldo Angelim tem ideia do que ele fez com o rumo da história. Na verdade, ele devolveu à história o seu rumo natural que é ter o Mengo no topo da cadeia alimentar (citando Arthur M.)!

Vou lhes dizer uma coisa, meu sentimento não foi de explosão ou de euforia extrema, assim que o Héber encerrou o jogo. Tive isso aos 25 minutos, quando um anjo do Ceará sobrevoou a área do Grêmio e estufou o barbante! Não sei o que me deu. Gritei ajoelhado, com a cara no cimento da arquibancada! Como se o concreto fosse o espelho de 17 anos de angústia e muitas ilusões... Coisa de doente... Mas esse sou eu!

Ao apito do árbitro, tive uma sensação de relaxamento, como se quilos estivessem saído de minhas costas!

Dividi com minha emocionada namorada os jogos de 15 mil pessoas que fomos este ano... Quando muitos pensavam na fuga do rebaixamento. As chuvosas quartas em que perdemos para Cruzeiro e Palmeiras, empates com o Barueri e Náutico... Naquele apito tive a sensação de que tudo valeu à pena!

Não só neste campeonato, mas em todos os jogos durante longos 17 anos! Porque no sofrimento de cada partida residia o desejo de fazer três pontos, subir na tabela e conquistar o campeonato! E a cada dia o medo de ver minha vida passar e não ver (9 anos não vale!) um título brasileiro do Mengão aumentava! Mas aumentava também o volume do meu grito, do meu canto, do meu sentimento pra empurrar esse Flamengo que toma conta da minha vida!

De 1992 pra cá eu vivo em função desse momento, aguardando angustiadamente esse momento! Não chorei com o fim do jogo, mas meus olhos se enchem de lágrimas no momento em que escrevo isso e penso o quanto eu sonhei com este momento!

E com toda essa confusão de sentimentos pude olhar para o meu pai, que esteva à minha esquerda, do lado do meu coração que ele pintou de preto e vermelho, que viu 80, 82, 83 e 87, e dizer: "Pai, eu sou hexa!"